Há dois fatos extremamente relevantes nos inícios da filosofia, os quais tendem a ser ignorados, esquecidos, obnubilados por algum motivo que desconheço. Seja como for, ambos colocam uma questão crucial, vejamos.
O primeiro: Filóstrato diz que Protágoras era discípulo de Demócrito, mas, mais importante, o sofista teria também estudado com os magos persas.
O segundo: Górgias inicia seu Elogio falando daquilo que é ordenado, harmônico, mas, atentemos ao termo utilizado no original: cosmos.
Adicionemos a isso o poder atribuído à retórica dos sofistas por Platão e Aristóteles, o poder de mexer na alma, de mover os outros, bem como a paródia gorgiana do tratado de Parmênides.
Isso nos permite entrever o lugar cósmico, universal, galáctico, extra-humano e extra-mundano da linguagem, como também o fato de a linguagem exibir a disjunção no seio do Ser, o furo fundamental.