terça-feira, 30 de junho de 2015

Sonho?!

Sonho?!

Era uma cidade que desconheço. Eu voltava para um apartamento pelas 17h. O sol já se punha, restavam alguns azuis e laranjas disputando o céu.
Ao subir para o oitavo andar e abrir a porta lá estava você, sentada, de avental, escrevendo algo. "Heyo! Seja bem-vindo!", você me cumprimentava como um gato, erguendo o pescoço, mas sem sair do lugar. Apenas para me pegar de surpresa depois, enquanto colocava meu sobretudo no cabide, o qual jazia apoiado na maçaneta da porta do armário de quatro portas. Cumprimento teu era um abraço forte e quente, caloroso, próximo, alma na alma e um sorriso sem fim, sem tamanho, estampado nas faces conhecidas. Fechei meus olhos e senti cada curva, cada detalhe, cada perfeição e falha, cada milímetro que faz você somente a si mesma, inimitável.
Você me soltou e voltou para seu lugar. Eu me aproximei. Você desenhava, era uma folha A3, havia muitos lápis sobre a mesa. Acho que uma caneta de nanquim também estava ali. Sorri enquanto espiava sobre teu ombro, sorriste em resposta e me beijaste a bochecha longamente. Sorri enquanto me beijavas.
Precisava planejar algumas falas, não dizia aulas, mas talvez fossem aulas. Dirigi-me a uma estante moderada, porém recheada de livros e peguei um grande, grosso, de capa azul escuro, muito bonito. O tempo passou rápido nesse momento, tão rápido que parece um empilhamento de dias e dias, um acúmulo sem fim que culminou no que houve. Tu te levantaste e disseste fazer nosso jantar. Agradeci a prestatividade com um forte abraço, onde tua cabeça descansou em meu peito, e um doce beijo em tua testa.
Quando reergui o olhar do livro o céu já era um pano preto com furos brilhantes e adentravas o quarto de estudos de avental, com uma colher de pau à destra, saltitante, teus seios livres pulavam junto: "Está pronto!", aguda, porém suave e macia era a voz acolhedora com a qual anunciavas.
Era uma espécie de arroz amarelado, acho que algum tempero, com frango picado, salada verde e cenoura passada na manteiga com tempero verde. O cheiro era de matar, viciante.
Quando saí do banho tu já lavaras a louça e eu estava deitado, lendo. Agarraste-me o corpo num só abraço, tua pele macia a me acariciar pelo simples toque. Com os olhos úmidos, porém sorrindo, pus o livro de lado – e aqui fica claro quanto infernal tempo se acumulou de um momento até outro – afaguei tua cabeça e te disse: "Sábado irei embora, meu contrato acabou...", meus olhos ardiam, mas resistia expor-te às lágrimas, as quais, insubordinadas, escorriam uma a uma, vagarosamente.
Calaste-me a boca com o delicado indicador destro. Beijamo-nos tão amorosamente que posso sentir ainda o sabor de teus lábios, a textura deles... Virei e estava por cima, tinha teus pulsos presos sob minhas mãos: "Não posso ir embora sem te amar, sem te dizer isto! Eu te amo!" e te beijei mais vorazmente. Ofegavas, mas teus lábios estavam abertos, um fiozinho de saliva ligava nossas bocas, sentíamos o que havia de quente um no outro.
Abaixei as alcinhas de teu avental e chupei, beijei, mordisquei teus seios, enquanto minhas mãos os apertavam com desejo.

[interrupção/ões]

Bem, então eu te prendia, despia as alcinhas do avental e apertava teus seios com as mãos enquanto deslizava a língua acompanhando o relevo dos mamilos, chupava-os, mordiscava-os, beijava-os e te encarava, num misto de carinho e safadeza. Voltei e beijei todo teu corpo. Da boca úmida e paralisada até a calcinha e de volta à boca. Senti teus pelos ouriçados, tua pele arrepiada. Tuas mãos quentes me seguraram o rosto e nos beijamos mais uma vez muito apaixonadamente, teus dedos me confundiam os cabelos...
Desci novamente e mordi a borda da tua calcinha, a qual retirei vagaroso, arranhando tuas coxas com minhas mãos enquanto trazia a peça íntima para baixo. Tornei à tua vagina beijando o trajeto feito por meus dedos. Sorri: "Posso..?", consentiste, acenando com a cabeça e mordendo o lábio inferior... Deslizava o polegar esquerdo em teu clitóris enquanto, com a destra, abria e lambia tua vagina, já um pouco molhada.
Não fiquei muito ali, logo senti tuas mãos me puxarem firme e fortemente o cabelo, trazendo minha boca à tua, para nos beijarmos ainda mais uma vez. Aproveitei o deslocamento para encaixar minha glande, intentando não penetrar. Afoito, penetrei minimamente. Sorriste, após um pequeno pulo, encarando-me voluptuosamente. Compreendi o sinal. Sorri também.
Penetrei-te apaixonado, irrefreável que estava (por teu corpo, por teu ser, por ti). Gemias docemente, tua voz era aveludada, era delicada e suave, envolvente como uma serpente que mente de maçã em mãos. Cedi e soltei-me das amarras, soltei-me dos limites, meti, transei, masturbei-me com teu corpo, tu fizeste o mesmo de mim, sei bem, percebi, senti, vivi, estive ali, fui teu brinquedo, teu objeto, como tu foste o meu.
Quando nossos olhos não se separavam, senão pelas pálpebras que cerravam vez ou outra, dando vazão a urros e gemidos prazerosíssimos, tuas mãos entrelaçaram dedos em minha nuca e me sorriste na alma: "Eu te amo!"... Morri. Sorri. Respondi: "Eu também te amo, meu amor!" e fodi-te com tudo que tinha, com força, com amor, com carinho, com calor, com tesão, com paixão, com fogo, com violência, com sexo, com corpo, com alma, com espírito, com tudo.
Amamo-nos longamente. Fodemo-nos longamente. Tornamo-nos um longamente. E longamente tu gozaste, mais de oito vezes. Gozaste, melaste-me, fizeste-me só teu cheiro, teu mel, teu. Teu. E teu eu fui. Fui. Sorria, queria gargalhar, sentia aquele prazer me inundar, afogar-me, estuprar-me, invadir-me como eu a ti. Sentia-me um com a felicidade que me deste, que me davas, que fomos. Fomos? Por fim, gozamos juntos. Juntos! Sim, juntos.
Como cadáveres, como pedras, como não-humanos, não-viventes, desfalecemos na cama, lado a lado, casados, amados, amantes, juntos. Unos. Um. U. M. Acariciava-te o rosto, afagava-te. Reviravas meu cabelo. Adormeceste sorrindo, os olhos fechados com leveza, sem peso, sem esforço. Eu também. Sorrindo.
Então já era o outro dia e eu já estava na rodoviária, bagagens em mãos, abraçando-te, minhas malas no chão, ao meu lado, sem me importar com aquela multidão que nos atravessava, que não se importava conosco, a qual também nos atravessava.
Doeu. Meus olhos imitaram cachoeiras. Imitaram chuvas torrenciais. Meu íntimo também o fez, meu âmago gostou dessa imitação, meu ser todo era dor e soluço e água a escorrer.
E acordei de olhos encharcados, um pouco suado, mas muito pouco, agarrado ao travesseiro, sabendo que isso nunca ocorreu.

[interrupção/ões]

Aos teus pés eu me joguei, os olhos enxaguados:

– "Não..! Eu não posso te deixar! Eu não consigo!"

– "Mas você precisa..!"

Tuas mãos me apertaram forte, podia me sentir como outrora, junto, dentro de teu peito, palpitando com teu coração.

– "E como vai ser?! Eu não consigo!"

– "Não! Você pode voltar sempre que quiser! Eu estarei te esperando!"

E mesmo horrível como estava, tu me beijaste. Tão cândidas tuas palavras, tão deleitáveis, um bálsamo de paz e luz e calma e frescor e sossego e carinho e docilidade!

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