Sonho?!
Era uma cidade
que desconheço. Eu voltava para um apartamento pelas 17h. O sol já se punha,
restavam alguns azuis e laranjas disputando o céu.
Ao subir para o
oitavo andar e abrir a porta lá estava você, sentada, de avental, escrevendo
algo. "Heyo! Seja bem-vindo!", você me cumprimentava como um gato,
erguendo o pescoço, mas sem sair do lugar. Apenas para me pegar de surpresa
depois, enquanto colocava meu sobretudo no cabide, o qual jazia apoiado na
maçaneta da porta do armário de quatro portas. Cumprimento teu era um abraço
forte e quente, caloroso, próximo, alma na alma e um sorriso sem fim, sem
tamanho, estampado nas faces conhecidas. Fechei meus olhos e senti cada curva,
cada detalhe, cada perfeição e falha, cada milímetro que faz você somente a si
mesma, inimitável.
Você me soltou e
voltou para seu lugar. Eu me aproximei. Você desenhava, era uma folha A3, havia
muitos lápis sobre a mesa. Acho que uma caneta de nanquim também estava ali.
Sorri enquanto espiava sobre teu ombro, sorriste em resposta e me beijaste a
bochecha longamente. Sorri enquanto me beijavas.
Precisava planejar algumas falas, não
dizia aulas, mas talvez fossem aulas. Dirigi-me a uma estante moderada, porém
recheada de livros e peguei um grande, grosso, de capa azul escuro, muito
bonito. O tempo passou rápido nesse momento, tão rápido que parece um
empilhamento de dias e dias, um acúmulo sem fim que culminou no que houve. Tu
te levantaste e disseste fazer nosso jantar. Agradeci a prestatividade com um
forte abraço, onde tua cabeça descansou em meu peito, e um doce beijo em tua
testa.
Quando reergui o olhar do livro o céu
já era um pano preto com furos brilhantes e adentravas o quarto de estudos de
avental, com uma colher de pau à destra, saltitante, teus seios livres pulavam
junto: "Está pronto!", aguda, porém suave e macia era a voz
acolhedora com a qual anunciavas.
Era uma espécie de arroz amarelado,
acho que algum tempero, com frango picado, salada verde e cenoura passada na
manteiga com tempero verde. O cheiro era de matar, viciante.
Quando
saí do banho tu já lavaras a louça e eu estava deitado, lendo. Agarraste-me o
corpo num só abraço, tua pele macia a me acariciar pelo simples toque. Com os
olhos úmidos, porém sorrindo, pus o livro de lado – e aqui fica claro quanto
infernal tempo se acumulou de um momento até outro – afaguei tua cabeça e te
disse: "Sábado irei embora, meu contrato acabou...", meus olhos
ardiam, mas resistia expor-te às lágrimas, as quais, insubordinadas, escorriam
uma a uma, vagarosamente.
Calaste-me
a boca com o delicado indicador destro. Beijamo-nos tão amorosamente que posso
sentir ainda o sabor de teus lábios, a textura deles... Virei e estava por
cima, tinha teus pulsos presos sob minhas mãos: "Não posso ir embora sem
te amar, sem te dizer isto! Eu te amo!" e te beijei mais vorazmente. Ofegavas, mas teus lábios estavam abertos, um fiozinho de saliva ligava
nossas bocas, sentíamos o que havia de quente um no outro.
Abaixei as alcinhas de teu
avental e chupei, beijei, mordisquei teus seios, enquanto minhas mãos os
apertavam com desejo.
[interrupção/ões]
Bem,
então eu te prendia, despia as alcinhas do avental e apertava teus seios com as
mãos enquanto deslizava a língua acompanhando o relevo dos mamilos, chupava-os,
mordiscava-os, beijava-os e te encarava, num misto de carinho e safadeza. Voltei
e beijei todo teu corpo. Da boca úmida e paralisada até a calcinha e de volta à
boca. Senti teus pelos ouriçados, tua pele arrepiada. Tuas mãos quentes me
seguraram o rosto e nos beijamos mais uma vez muito apaixonadamente, teus dedos
me confundiam os cabelos...
Desci
novamente e mordi a borda da tua calcinha, a qual retirei vagaroso, arranhando
tuas coxas com minhas mãos enquanto trazia a peça íntima para baixo. Tornei à
tua vagina beijando o trajeto feito por meus dedos. Sorri:
"Posso..?", consentiste, acenando com a cabeça e mordendo o lábio
inferior... Deslizava o polegar esquerdo em teu clitóris enquanto, com a
destra, abria e lambia tua vagina, já um pouco molhada.
Não
fiquei muito ali, logo senti tuas mãos me puxarem firme e fortemente o cabelo,
trazendo minha boca à tua, para nos beijarmos ainda mais uma vez. Aproveitei o
deslocamento para encaixar minha glande, intentando não penetrar. Afoito,
penetrei minimamente. Sorriste, após um pequeno pulo, encarando-me
voluptuosamente. Compreendi o sinal. Sorri também.
Penetrei-te
apaixonado, irrefreável que estava (por teu corpo, por teu ser, por ti). Gemias
docemente, tua voz era aveludada, era delicada e suave, envolvente como uma
serpente que mente de maçã em mãos. Cedi e soltei-me das amarras, soltei-me dos
limites, meti, transei, masturbei-me com teu corpo, tu fizeste o mesmo de mim,
sei bem, percebi, senti, vivi, estive ali, fui teu brinquedo, teu objeto, como
tu foste o meu.
Quando
nossos olhos não se separavam, senão pelas pálpebras que cerravam vez ou outra,
dando vazão a urros e gemidos prazerosíssimos, tuas mãos entrelaçaram dedos em
minha nuca e me sorriste na alma: "Eu te amo!"... Morri. Sorri.
Respondi: "Eu também te amo, meu amor!" e fodi-te com tudo que tinha,
com força, com amor, com carinho, com calor, com tesão, com paixão, com fogo,
com violência, com sexo, com corpo, com alma, com espírito, com tudo.
Amamo-nos
longamente. Fodemo-nos longamente. Tornamo-nos um longamente. E longamente tu
gozaste, mais de oito vezes. Gozaste, melaste-me, fizeste-me só teu cheiro, teu
mel, teu. Teu. E teu eu fui. Fui. Sorria, queria gargalhar, sentia aquele
prazer me inundar, afogar-me, estuprar-me, invadir-me como eu a ti. Sentia-me
um com a felicidade que me deste, que me davas, que fomos. Fomos? Por fim,
gozamos juntos. Juntos! Sim, juntos.
Como
cadáveres, como pedras, como não-humanos, não-viventes, desfalecemos na cama,
lado a lado, casados, amados, amantes, juntos. Unos. Um. U. M. Acariciava-te o
rosto, afagava-te. Reviravas meu cabelo. Adormeceste sorrindo, os olhos fechados
com leveza, sem peso, sem esforço. Eu também. Sorrindo.
Então
já era o outro dia e eu já estava na rodoviária, bagagens em mãos,
abraçando-te, minhas malas no chão, ao meu lado, sem me importar com aquela
multidão que nos atravessava, que não se importava conosco, a qual também nos
atravessava.
Doeu.
Meus olhos imitaram cachoeiras. Imitaram chuvas torrenciais. Meu íntimo também
o fez, meu âmago gostou dessa imitação, meu ser todo era dor e soluço e água a
escorrer.
E
acordei de olhos encharcados, um pouco suado, mas muito pouco, agarrado ao
travesseiro, sabendo que isso nunca ocorreu.
[interrupção/ões]
Aos
teus pés eu me joguei, os olhos enxaguados:
–
"Não..! Eu não posso te deixar! Eu não consigo!"
–
"Mas você precisa..!"
Tuas
mãos me apertaram forte, podia me sentir como outrora, junto, dentro de teu
peito, palpitando com teu coração.
–
"E como vai ser?! Eu não consigo!"
–
"Não! Você pode voltar sempre que quiser! Eu estarei te esperando!"
E
mesmo horrível como estava, tu me beijaste. Tão cândidas tuas palavras, tão
deleitáveis, um bálsamo de paz e luz e calma e frescor e sossego e carinho e
docilidade!
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