Comecemos pelo canto inferior direito: A (Autre), o grande Outro, Outro com O maiúsculo. Em sua relação A → a, ou seja, Autre → moi. Local donde advém a subjetividade do sujeito. Recinto onde se acumula o conjunto de dizeres que forma o sujeito. "Feio", por exemplo, quando a garota que eu gostava me disse isso e isso me fez passar a ser feio, a viver como feio, a me sentir como um feio, a ter uma imagem de mim mesmo como feio. Um discurso sobre mim que me (in)forma quem sou.
Pequeno a, 'eu', moi, minha experiência egoica, meu 'eu' que eu reconheço como 'eu', que "eu me chamo". O 'eu' que 'eu' tenho acesso. E moi é afetado diretamente pelo vetor do Autre, ou seja, por sua linguagem, sua palavra, seu discurso, seus dizeres, pelo que Autre diz de moi.
Ao mesmo tempo, o pequeno outro, a' (autre), são as outras pessoas: materiais, físicas, empíricas, existentes, reais, ao redor de moi. O que eles dizem de moi também o afetam diretamente. Percebe a seta de a' → a? É isso. Mas afeta moi naquilo que moi reconheço como moi, na imagem que faz e carrega de si mesmo. Afeta moi no Eixo imaginário (Axe imaginaire), é exatamente o eixo de fundamentação do sujeito, que vem da infância, da mente sem fronteiras, sem limites, sem barreiras, capaz de fabular, de imaginar (criativamente).
Concomitantemente, o grande Outro, Autre, A, tenta atingir moi no Es, no Id freudiano, na 'coisa' que moi realmente é, seu 'eu inconsciente' que nem moi acessa. Porém, ele é parcialmente barrado pelas coisas que os pequenos outros, a', dizem dele e lhe formam a imagem de si mesmo. Assim, o discurso do grande Outro, A, tem que passar para o Eixo simbólico para atingir moi no seu Sujeito, S maiúsculo, no seu Es, seu Id, no que ele realmente é além ou aquém de qualquer imagem que faz ou que façam dele.
E isso se reflete no que o Sujeito, S, o Es, o Id, vê, através do Eixo simbólico, dos pequenos outros, os a', das pessoas reais, de carne e osso, que o cercam.
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