Ela
encara o vento no topo do prédio. Seu rosto é sério e sisudo. Sua expressão não
é dócil; convidativa talvez. Não pode sorrir; apenas encara. Pisca de vez em
quando (o vento pode fazer os olhos arderem).
Cabe
num vestido azul e, com a destra – que pende paralela ao corpo – segura uma pequena
flor branca desimportante. Tudo atrás dela – tudo diante dela – é difuso, impreciso, embaçado, desfocado. Reto e
penetrante: seu olhar.
Eu
estou preto-e-branco.
Tudo
nela e ao seu redor é colorido.
Ela
dá a bochecha ao vento; olha para o lado. Olha para baixo e perde o olhar num
detalhe ínfimo do chão – perde-o nas parcas nuvens acima. Mexe-se, sente o
vento, envolvendo-a, dançar. Sorri com os lábios (os dentes permanecem
escondidos). Então para, quer ofegar, mas não está suficientemente cansada. Mira a
cidade abaixo; o horizonte. A destra se abre.
A
flor cai.
Tudo
é cinza.
Chora
profusamente, seu rosto se compõe de duas cachoeiras. A garganta é vulcão. Quer gritar e
explodir; só engasga.
Eu
estou preto-e-branco. Ela também.
Ela
também.
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