A certa altura da história francesa, o pensamento sobre a linguagem separou-se da reflexão de matriz grega e aristotélica, aproximando-se, talvez de uma matriz estoica, mas isso ainda não é dizer tudo. Ruptura violenta para nosso benefício: já não há a tríade sagrada do lógos, o ser e a lógica. Porque, a princípio, a língua era a língua: lógos nomeava o pensamento e a língua (grega). Exatamente por isso a concordância estrutural entre as categorias do grego (antigo) e da ontologia; daí a lógica nomeava esse isomorfismo. Contudo, em algum momento da herança das mudanças iniciadas na gramática de Port Royal, a lógica já não precede a gramática (nem a ontologia, portanto). Ao contrário, uma gramática significa que a língua possui ser(em-si), que é algo ela mesma. Isso traz obscuridade à cena: a língua é opaca, não dá acesso a nada, ao contrário, nós nem sabemos o que ela é. Para justificar o ser da língua, esse estatuto de entidade conferido à língua, foi preciso retirar o significado referencial de cena. O antigo dispositivo que sustentava a tríade ruiu; das ruínas emerge o sentido figurado, conotado: o jogo de palavras fundamenta o sentido e apenas por extensão, abstração, generalização, a referência, a denotação, passa a constituir significado. Assim, se há um hard problem of consciousness, há este outro problema, o harder problem of meaning: o que diabos quer dizer?
Hermetology #11
At a certain point in French history, the thought of language split from the Greek and Aristotelian matrix of reflection, approaching perhaps a stoic one, but that is not yet all. Violent rupture for our benefit: there is no longer the sacred triad of lógos, being and logic. Because, in the beginning, language was the language: lógos named thought and (Greek) language. Exactly for this reason the structural agreement between (ancient) Greek categories and ontology; logic named said isomorphism. However, at some point in the legacy of the changes initiated in Port Royal's grammar, logic no longer precedes grammar (nor ontology, therefore). On the contrary, a grammar means that language possesses being(in-itself), namely it (language) is something itself. This brings obscurity to the scene: language is opaque, it does not give access to anything, quite the contrary, we do not even know what it is. To justify the being of language, that entity status given to language, it was necessary to remove referential meaning from stage. The ancient device that sustained the triad collapsed; from its ruins emerged the figurative, connoted meaning: word play underpins meaning and only by extension, abstraction, generalisation, reference, denotation, becomes meaning. Thus, if there is a hard problem of consciousness, there is this other problem, the harder problem of meaning: what the hell does it mean?
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