O mínimo que devemos atentar, na história do pensamento na Grécia antiga, é para a relação entre masculino, feminino, filosofia e sofística.
Se o masculino é o já dado e a feminino não é, não há, mas está por fazer-se, então a sofística sabia que fazia mulher. Pois a filosofia e a política ocorriam dentre homens iguais – gregos, livres, adultos, de mesma faixa etária – que não se podiam foder, que não podiam transar entre si. Assim sendo, precisavam gozar de alguma maneira e gozavam penetrando o outro pela linguagem, pelas orelhas, pela fala. Acariciavam-se entre si com a boca, com o ar que sai da boca, com a sugestão do hálito ao outro. Nisso, precisavam sobrepujar o outro para poderem penetrá-lo, dominar o outro para poderem gozar com seus corpos rendidos. Dessa maneira, a filosofia constituía uma luta, uma agressão e uma violência de ordem sexual.
A sofística, por outro lado, provocava no corpo do outro sugestões, estremecimentos, os quais, então, produziam ainda mais alguma coisa e ainda levavam o outro, o estremecido, o sugestionado, a agir, ou seja, aumentavam-lhe o potencial, a vitalidade, era, portanto, uma atitude ética. A sofística, também, fazia mulher e fazia-se mulher, quer dizer, tornava-se agradável de contemplar e provocadora, tentadora. Por não falar de algo, nem sobre algo, mas simplesmente falar, a sofística produzia algo e esse produzir também (re)aparece na sua parceira, a poesia.
Hermetology #13
At the very least, in the history of thought in ancient Greece, we must pay attention to the relationship between male, female, philosophy and sophistry.
If the masculine is the given and the feminine is not, it is not, but it is still to be done, then sophistry knew that it made woman. For philosophy and politics occurred among equal men – Greeks, free, adults, of the same age group – who could not fuck themselves, who could not fuck each other. Therefore, they had to enjoy themselves in some way and they enjoyed penetrating the other by language, by ears, by speech. They caressed each other with their mouths, with the air that came out of their mouths, with the suggestion of breath to the other. In this, they needed to surpass the other in order to penetrate them, to dominate the other in order to be able to cum with their surrendered bodies. In this way, philosophy constituted a struggle, an aggression and a sexual violence.
Sophistry, on the other hand, provoked in the other's body suggestions, trembling, which then produced something more, and still led the other, the shaken, the suggested, to act, that is to say, it increased their potential, their vitality, and was therefore an ethical attitude. Sophistry, too, made woman and became woman, that is to say, it became pleasant to contemplate and provocative, tempting. By not talking of something, nor about something, but simply talking, sophistry produced something, and this also (re)appears in her partner, poetry.
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