Se a poiesis é chamada, na sua manifestação, no seu phanero, de tekhne, isso se deve à sua aproximação de superfície como produto de um pro-duzir, levar adiante, trazer à mostra, estimular o aparecimento. Mas o que é poeticamente — artisticamente — não o é do mesmo modo que seria se tecnicamente fosse. Este último toma aquilo que é apenas como meio, instrumento, ferramenta, matéria(-prima), insumo, recurso, expediente. Aquele, deixa ser em seu próprio ser e convida à convivência com isso.
A previsão calculativo-representacional não dá conta do que precisa ser conhecido, pois repete-se numa tautologia sem fim, uma vez que não avança do conhecido ao desconhecido, mas, pelo contrário, repete o conhecido em paráfrases inócuas.
Entretanto, poesia não nomeia somente o produto da poiesis (o poema, aquilo que, da poesia, se comunica), também (faz) fala(r) um jeito, um modo, um habitar. É o nome daquilo que nomeia todo nome: a linguagem — sem uma não há outra e vice-versa. Poético, portanto, não se reduz apenas a trazer à consciência a materialidade (gráfica, fônica, etc.) semiótica da linguagem, mas também chama a atenção para a maneira da linguagem fazer (aparecer) o ser, chamá-lo a ser como aparecimento na (e da) linguagem, pois sem esse aparecimento provocado pela (e na) linguagem, nem esse ser estaria (ali) sendo, nem nós (o) comunicaríamos (com ele e entre nós).
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