quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Quando o céu é mais azul


O céu não é mais azul quando o sol despe-se de nuvens. Esse céu é apenas quente e amplo. O céu deixa-se azular quando sorris após o tapa tão leve, simbólico, sucedâneo do adjetivo (idiota), prenúncio do esplendor em teu rosto. Ali, naquele instante. O céu mais azul. Da cor da esperança e da melancolia. Dos sentimentos gêmeos: sol e lua de mãos dadas no amanhecer. O céu queima sob o astro nu; teu rosto queima o coração. Cerúleo (adjetivo): quando miro ao lado e o vento denuncia que teu perfume impregnou o ombro esquerdo da camiseta: jamais posso lavá-la novamente, só a memória já não basta. Tudo isso ainda não é dizer nada e tu o confirmas sem dizer palavra. Chegará algum dia o fatídico episódio quadragésimo nono da série (para a alegria dos que assim nomearam a situação, é claro)? Tu bem sabes; também sei. Não bastou. Nem basta. Bastará? As mordidas dos mosquitos já não coçam quando essa hora alcança o íntimo. Se ao menos teus olhos

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