152. Há quem professe da boca pra fora uma fé por aí. E clama vir do coração! Então engana aqueles que de fato professam a fé desde o coração. Por que fazem isso? Como? Com quais finalidades? Não compreendo. Não tenho essas estratagemas funestas em mim – sou todo alma exposta a nu, quem quiser ver que veja. Melhor padecer sob o erro dos outros a ser eu a errar.
153. Há uma irresponsabilidade geral espalhada nesta geração. Não querem se tornar eternamente responsáveis pelo que cativam, como em bom tom diz um de seus livros mais aclamados (aclamam por compensação de si mesmos?). A tradição bem nos ensinou, mas quase ninguém quer aprender.
154. "Se eu odeio mulheres, rapaz? Não, não odeio. Odeio a ética frouxa e fraca com que lidaram comigo. Sim, as que me relacionei, certamente. Mas as outras... Isso, dá pra deduzir quase sem erro pelas ações, pelas falas, trejeitos, isso, isso mesmo. De que adianta falar de liberdade e não libertar ninguém!? Só tem prisão! Só pri-são. São todas dependentes. Todas essas pessoas dependentes, pode anotar. Eu sei, também fui, as vezes ainda sou. Um doente identifica outro pelo cheiro da doença. É isso mesmo, todo mundo preso numas teias podres, medonhas. Estam... Isso, bem disso que tô falando. Viu!? Tu pega rápido! Estamos todos presos uns aos outros, dependendo da misericórdia de feridos e falidos. Ninguém tem Deus no coração. Uns não têm nem na oração, quem dirá no coração! Tô dizendo, meu querido, se a religião acabar o mundo se acaba junto."
155. De tempos em tempos brota no meio destas terras tão áridas por dentro um desses avatares, santos, seres exemplares a nós. Os seguimos? Absolutamente. Persistimos imbecilmente em nossa miséria. Há quem diga que isso quer dizer que nosso desgraçamento de nós mesmos é o correto; enganam-se. Somos apenas preguiçosos de espírito seduzidos pelo mundo.
Vc escreve muito bem.
ResponderExcluirParece ter nascido ha dez mil anos atrás.
Cruzastes com seres tortos...totalmente tortos