O inconsequencialismo, mencionado na entrada anterior do site, também aparece nos discursos políticos (contemporâneos, porém melhor localizados como pós-modernos). Cito aqui a postagem de um amigo:
Não se assustem quando virem incongruências absurdas na propaganda (especialmente política), faz parte das técnicas de controle mental induzir seus objetos a gradativamente aceitarem paradoxos, assim os tornando mais abertos a toda classe de absurdos. Aceita-se a incoerência interna do discurso (pois a realidade não aceita paradoxos) para melhor se aceitar a incoerência entre discurso e realidade.
Se você promove a liberdade sexual irrestrita e aberta enquanto condena a hipersexualização das mulheres, não é muito difícil aceitar que não tem problema uma criança tocar em um homem nu. Sem querer cair em reductio ad Hitlerum, lembremo-nos de Hermann Göring: "Se o Führer quer, 2 + 2 = 5!"
Divergências à parte [nota 1], é importante notar o ponto que já argumento há muito: liberdade entendida como libertinagem X reclamações da (hiper)sexualização. A autocontradição é patente, óbvia mesmo. Por que, então, um pensamento ecológico sobre ecologia? Pensemos: a situação em questão trata da ecologia erótico-afetiva do homo sapiens.
A monogamia e a (mínima) contenção propiciam um equilíbrio da/na distribuição das forças e do/no fluxo das energias erótico-afetivas. Daí serem uma evolução psicossocial: se a distribuição sexual populacional do primata em questão é aproximadamente 1:1 em qualquer recorte de tempo (e espaço minimamente) relevante, então a distribuição erótico-afetiva em 1:1 visa o equilíbrio dessas duas forças/energias.
São duas propostas eficientes e eficazes porque remanejam essas forças/energias para outros fins e usos (que não a (auto)satisfação), movimentando e enriquecendo o sistema (energeticamente) – há um excedente de força e energia remanejado para aprimoramento do sistema.
Do contrário – configuração contemporânea do quadro – formam-se pólos que desequilibram o sistema constantemente e desperdiçam forças e energias por sua má alocação e uso sem planejamento.
Como os pólos não são apenas espaciais, mas também temporais, os efeitos do tempo não podem ocorrer e o sistema permanece em desequilíbrio, esvaindo energias e forças úteis, produtivas e cumulativas em tarefas inúteis.
São sistemas impermeáveis a certas formas de reestabilização, então a busca deve ser e permanecer no campo ecológico crítico, que é o mesmo que ético.
[nota 1: notadamente sobre a realidade de paradoxos, e.g., a necessidade da contingência.]
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