Há duas suposições operando no que podemos chamar de epistemologia tradicional ou clássica, ou ainda hierarquizada:
1) Deve haver alguns estados cognitivos básicos, dito no sentido de possuírem estatuto epistêmico positivo independentemente de suas relações com quaisquer outros estados cognitivos. Chamemos a isso de Requisito da Independência Epistêmica (RIE).
2) Todo estado cognitivo não-básico possui estatuto epistêmico positivo somente através das relações epistêmicas travadas, direta ou indiretamente, com estados cognitivos básicos. Portanto os estados básicos devem prover todo o apoio para nosso conhecimento. Chamemos a isso de Requisito da Eficácia Epistêmica (REE).
Para satisfazer REE uma cognição básica deve ser capaz de participar em relações inferenciais com outras cognições, ela deve possuir forma proposicional e ser passível de avaliação de verdade. Para satisfazer RIE essa cognição proposicionalmente estruturada deve possuir seu estatuto epistêmico independentemente de conexões inferenciais com outras cognições. Desse modo, nenhum estado cognitivo satisfaz ambas as requisições.
A resposta padrão são conhecimentos empíricos básicos, mas eles falham no REE (ex.: conhecimento de dados sensoriais), ou pressupõem outros conhecimentos da parte do sujeito cognoscente falhando no RIE (ex.: conhecimento das aparências). Esses estados contam como estados cognitivos apenas pelas relações epistêmicas que mantêm com outros estados cognitivos.
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