• A-língua é anunciadora de uma vergontologia [hontologie] – que é chamada pela filosofia de ontologia (ou metafísica).
• A filosofia, todavia, canalha que é, postulou a antifilosofia como sua outra, para reforçar o centro pela existência do descentro (e.g., sofística é expulsada da re-flexão pela filosofia platônica – e aqui cometo minha primeira gafe: não deveria dar tanta importância a Platão).
→ Para provar isso basta ver como Aristóteles trata aqueles que exigem provas dos axiomas da lógica no livro Gama da Metafísica; ou ver como ele trata seus "oponentes" (até então eles são todos anteriores a Aristóteles e não poderiam dar menos importância à sua [bastante acidental e desimportante] existência) nas Refutações sofísticas. Ele segue dizendo que são "provas impossíveis" de se dar e que exigi-las é ser babaca. Babaca é ele, que começa um negócio e nem dá argumentos pra sustentar.
→ → Podemos extrair daí que a lógica é uma punhetinha cerebrina produzida sob encomenda, ou seja, um ready-made (também é ready-made o conceito de energeia, que Aristóteles cria para a ocasião, não havia o termo em grego até então – mas também o é, e de forma muito mais criativa, o den que Demócrito estipula para seus átomos, que são, não a matriz da matéria, mas do pensamento, i.e., da posição-de-sujeito, uma posição que sempre existiu e sempre existirá, pois a estrutura-de-sujeito antecede o surgimento da vida e sobreviverá a seu desaparecimento, eis um dos pontos fulcrais de H. P. Lovecraft).
• Talvez o trabalho seja realmente um'a-língua desintegradora sobremaneira que flerte com o múltiplo desatentamente, bordejando limites forçosamente ignorados.
→ Veja-se: no momento em que a filosofia postula sua outra como anti-filosofia, ela já se põe de volta no jogo (e no centro do jogo) – uma negação efetiva seria uma estultologia ou coisa assim, um não-saber, um dessaber (o bom é a homofonia com "de saber"), uma idiotice, uma estupidez, o contrário do tesão pela sofia, talvez uma misosofia (?), um ódio ao saber… Eu também não sei, estou esboçando uma batalha certamente maior que eu, infinitamente maior, com oponentes armados há dois mil e tantos anos a seu favor, quer dizer, é verdadeiramente uma paralaxe, uma luta desigual, mas eu lutarei, porque foda-se essa merda, a filosofia está sempre fundada numa decisão antrópica e mesmo pessoal, íntima e eu odeio essa merda, eu sempre quis um saber último, mais além de tudo, uma certeza em sentido pleno e sólido (sempre ma negaram, mas eu insisto, porque a couraça é dura – e estando numa tal posição-de-sujeito posso e mesmo devo exceder esses limites pontuais que os finitistas colocaram sobre minhas costas como se fossem meus limites, mas não são, são limites deles, esses finitos de merda, e nesse exceder-me como ponto, unirei muitos pontos e farei da chuva de átomos uma verdadeira festa).
→ → Busquemos uma logologia, um tesão em falar (filo-logia), falar por falar… Como a mulher sempre foi figurada fazendo ao longo desse peido cósmico que denominamos história (humana, demasiado humana).
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