Aqui, na baixeza do redemoinho, nada se vê, os olhos já não servem, tudo é cinza e gira. A pele salva, aqui. Tudo me toca e, se não sei o que me resvala, ao menos intuo tal ou qual textura. Não há profundeza, no turbilhão restam apenas superfícies. Quem imaginaria situação medonha assim? Horripilante, arrepia-me toda; assustada, anseio. A profundidade é um mito visual; o braço não mede a terceira dimensão, o toque mensura o tempo até alcançar, medida do desejo. A fundura é mentira luminosa, depende dessa mania de olhos e visão. Aqui, no escuro do remoinhar, tudo é toque e carícias, agressivas, súbitas, contínuas, não importa. Rodopio e nada enxergo e assim deve ser. Enxergar é um mal e deve ser tratado como tal. Cremos naquilo que vemos, por isso nos distanciamos, mas a distância não existe. O tempo existe; escutamos. O espaço é uma ilusão da visão à qual concedemos excessivo crédito, não se pode sucumbir a isso, é tolice, besteira, bobagem. Apenas superfície. Amar também não tem fundo. Sou só isso aqui.
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