Escrever é fácil. A única coisa a se fazer é excluir as palavras incorretas.
—Mark Twain
Hoje discutiremos alguns passos para escrever um livro. Não se trata de um ritual glamoroso e místico, mas é mesmo fascinante.
Escrever um livro não é fácil; também não é impossível. A parte mais árdua é sentar a bunda na cadeira e escrever. Livros não se escrevem sozinhos afinal. É preciso investir quem somos na criação duma obra relevante e significativa.
Para começo de conversa, ninguém simplesmente se senta para escrever um livro. Não é assim que (a escrita de um livro) funciona. Começa-se com algumas frases, então um parágrafo ou dois, um capítulo se tiver muita sorte. Pausas para refletir. Escrever é um processo: inícios e recomeços, pedaços e fragmentos, inspirações e desesperos. Não é complicado, mas deve-se dar um passo de cada vez.
Primeiro contemplemos os contornos da atividade: o que é preciso para escrever um livro?
Começar. Sim, parece óbvio, mas muitos de nós ignoramos esse passo fundamental. Decidimos o que queremos escrever e de que maneira o faremos, então começamos.
Manter-se motivado. Os adversários mais ardilosos nos infiltram após o início. Dúvida, hesitação, insatisfação, insegurança, entre tantos outros guerreiros da Resistência à escrita que nos querem impedir de realizar nosso objetivo.
Terminar. Tão importante quanto o primeiro passo é o último. Ninguém se importa realmente com o livro quase terminado. Queremos a obra realizada. A capacidade de terminar sua obra é o que separa um escritor daqueles que não escrevem.
Fase 1: começando
1) Decidamos sobre o que escreveremos.
2) Decidamos uma quantidade mínima de palavras ou laudas a escrever cada vez que trabalharmos.
3) Organizemos nossa rotina a fim de separarmos tempo todos os dias para trabalhar em nossa obra.
4) Escrevamos sempre no mesmo local, no mesmo espaço.
Fase 2: trabalhando
5) Estabeleçamos o tamanho do texto final (quantidade de palavras ou laudas).
6) Estabeleçamos metas semanais.
7) Obtenhamos comentários ao nosso texto ainda nas primeiras versões.
Fase 3: finalizando
8) Comprometamo-nos a entregar.
9) Aceitemos e acolhamos as falhas e erros.
10) Escrevamos mais livros!
Todos os anos milhares de livros morrem nos arquivos daqueles que se tornariam escritores caso concluíssem seus esforços.
Talvez nós já tenhamos enfrentado essa situação: um conto inacabado, um poema pela metade, um ensaio inconcluso.
Sim, tememos muitos acasos vinculados à escrita (publicação, divulgação, sucesso), mas para lançar um best-seller é preciso antes escrever um best-seller.
Quero dizer: muitos (aspirantes a) escritores sentam-se e deixam as palavras fluírem, acreditando bastar isso para produzir grandes obras.
Estudando os maiores escritores aos quais tive acesso, descobri que não basta isso.
Todos eles têm algum método, algum ritual.
Nós não somos diferentes.
Portanto, aí vão mais algumas dicas sobre o processo.
11) Escrevamos apenas uma parte (capítulo, cena, diálogo, conto, poema etc.) por vez.
12) Comecemos pequeno, visando a produzir longas obras quando experientes.
13) Recebamos comentários e feedback cedo (nas primeiras versões).
14) Mantenhamos uma lista de inspirações sempre acessível.
15) Mantenhamos um diário durante a escrita, acompanhando nosso processo e sua evolução.
16) Entreguemos constantemente. Algumas vezes será difícil escrever, outras vezes, fácil – inspiração é apenas o resultado do esforço persistente. A Musa só virá quando mostrarmos a ela quem é que manda!
17) Descansemos frequentemente. Planejemos nossos descansos em vez de cairmos na procrastinação: alguns minutos durante a produção ou mesmo alguns dias sem produzir.
18) Quando produzirmos, removamos distrações e foquemos apenas no trabalho.
19) Acaso seja difícil produzir isoladamente, busquemos ambientes em que outros estejam produzindo a fim de nos aclimatarmos.
20) Não editemos durante a criação. Criemos livremente, livre de juízos rígidos sobre nós mesmos e (auto)críticas a nossas criações. Assim, teremos muito mais material para editar quando concluirmos.
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