42. O ser precisa do ócio para ser. Sem essa possibilidade nunca haverá pleno desenvolvimento das faculdades. Essa ética trabalhista é uma das ruínas a que nos apegamos. E não falo de "ócio criativo", mas de ócio pleno, diletantismo – é só nesse momento de gozar a pura existência que o ser decide sobre o que gosta e desgosta, seus rumos e tramas. Sem a recuperação da vida interior nós continuaremos nessa exacerbação de vida exterior desajustada.
43. As palavras andam no tempo. Não é porque emergiram lá atrás de seu banho eterno que são piores ou melhores que as recém-retornadas. É uma questão de verdade, não de tempo ou moda; éon, kairós, não epoché.
44. Pensamento do limite, limite do pensamento. O que significa dizer algo? Quero dizer: uma ideia, um pensamento, um objeto, uma palavra, tudo isso se corresponde ou não? E se relaciona? Como? Ao mesmo tempo em que isso é pensar limites, também se constitui nos limites do pensar. É impossível um pensar puro, mas em vez de se arremessar, deitar e rolar nessa imundície, nesse pensar sujo, confuso, os "filósofos" (leia-se: idiotas) tentam "limpar" o pensar, tentam tirar-lhe toda potência e força e se prendem a um ideal, isto é, caem como presas nas armadilhas que estão montando.
45. Em algum lugar disso tudo está o que eu não quero ler.
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