83. É preciso muito mais coragem para produzir o dissenso, para discordar, para dizer a verdade, do que para ser "vanguardista". A própria vanguarda não é aquilo que vai à frente, mas o wart, a guarda, o que toca o rebanho lá de trás.
84. Vanguardas, hoje, são impossíveis. Não porque a ideia de vanguarda seja ruim ou qualquer coisa, não, isso tá beleza. É simplesmente porque moralmente é inviável: mudança é a ordem do dia, mas, como bem já sabia Malevich, resistir é também problemático, não mudar, ficar paralisado; a nostalgia também não serve, como bem criticou Foster, esse retorno desmesurado ao passado, sem respeito pela história, ao contrário, sendo plenamente contemporâneo, agindo como um homem de seu tempo; Didi-Huberman tenta dinamizar/dinamitar a imagem, repotencializando e é genial no esforço, mas não é suficiente. Quando Sebastião Nunes critica a premiação de Modesto Carone pela tradução de O Processo, de Kafka, na revista Medusa, aí sim temos algo que presta – ainda no final, quando critica a própria qualidade literária de Kafka executa um gesto excelente, finalmente capaz de potencializar o discurso (e inclusive mandar à merda aquele livro inútil de "Deleuze-Guattari" sobre "literaturas menores" [hello, há um motivo para esta merda ser menor!] e Kafka). O próprio Kafka duvidava de sua qualidade (e com razão)!
85. Ø
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