sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Anecdota real(ista)

R.: Rapaz, me dá esse óculos aqui.
L.: Okay
R.: Meu pai do céu! O mundo ficou ES-CU-RO!
L.: Haha! Eu disse! É bom demais.
R.: Toma aí.
L.:
R.:
L.:
R.: Então... Tô pensando no que eu disse, aqui.
L.: No que, rapaz?
R.: Nessa coisa de o mundo escurecer e não a minha visão.
L.: Ué, o qu'é que tem?
R.: Eu não sei, me soa estranha.
L.: Eu consigo ver uma criança apontar pro anoitecer e dizer: o mundo tá escurecendo!, parece bem plausível.
R.: Doido!
L.: Pois!

Sobre o comunismo

O comunismo não é um programa de sobrevivência. Ele não é o que quer que seja imediatamente útil para te ajudar a continuar adiante. Não é um auxílio, uma mãozinha, não é caridade. É importante servir ao povo, mas o comunismo não é servir ao povo. Parar nesse ponto é o tipo de coisa que a social-democracia faz, é comunista no nome e burguês nos resultados. Comunismo não é um band-aid, não é cuidar ou tomar conta das pessoas. Comunismo é uma transformação revolucionária de toda a sociedade, o comunismo é a luta para não apenas tornar mais tolerável ou suportável ser explorado, mas é a luta para pôr fim a toda exploração. O quanto isso custa? Custa muito, demais, pra caralho, mais do que praticamente todo mundo está disposto a admitir.

O comunismo não é um movimento político no sentido tradicional, é um movimento político de um novo tipo, um movimento político para dar fim na política. O comunismo não é a acumulação de grandes quantidades de pessoas sob uma bandeira vermelha, ou mesmo o ato de armar essas pessoas, ou mesmo tomar o poder estatal com essas pessoas. O comunismo demanda que tenhamos uma compreensão extremamente elaborada e um afinado entendimento das condições materiais, ele exige que tenhamos ações intencionalmente supridas de um profundo engajamento com a teoria e a ciência, porque a abolição das classes, a abolição do Estado, não é algo que vá preguiçosamente deslizar sobre nossos colos como uma lagartixa caindo da parede, como se fossemos classes dirigentes mandando. Trata-se de uma luta, de um esforço a cada passo desse caminho por trilhar, e é um esforço que depende do quanto nós sabemos do que estamos falando, sabermos o que estamos fazendo, e de sermos capazes de planejar antecipadamente – até lá na frente, no futuro – considerando consequências de longo prazo, trata-se de lutarmos por uma causa NÃO apenas de ou pelo "nosso interesse", mas por um mundo que desejamos deixar após nossas mortes.

Comunismo é mudar toda a maneira como você pensa o mundo, a forma como você age no mundo, o modo como se comunica com outras pessoas por um mundo que vale a pena lutar. O comunismo é estranho, mesmo que queira ser normal. O comunismo não é ser um trabalhador ou pensar como um. É lutar por um futuro sem trabalho assalariado e saber como pensar sobre esse futuro. É radicalmente oposto a toda tradição, todos os velhos hábitos, todas as maneiras de pensar limitadas pelo horizonte capitalista. Comunismo não é manter os trabalhadores vivos. Isso é o que capitalistas fazem ao pagarem salários. Comunismo é o movimento de trabalhadores para mudar todo o significado do trabalho.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

El ser es una pura exigencia tendida entre el lenguaje y el mundo.

El ser es una pura exigencia tendida entre el lenguaje y el mundo. No es una simple posibilidad, sino un modo de la potencia en la medida en que, si la existencia es una exigencia de la posibilidad, entonces la posibilidad se vuelve una exigencia de existencia.

apariencia y aparición

La apariencia es el conjunto de datos sensoriales que permite imaginar un objeto. La aparición, sin embargo, es la imagen en n+1 dimensiones de los puntos capitales del objeto. Es un molde que permite la construcción del objeto. Es el reverso mismo de la imagen de ese objeto.

Fragmento sobre ilusão óptica

Um fenômeno psicobiofísico como a ilusão de óptica nos mostra que mesmo um olhar tido por normal ou até treinado é enganado e aquele que se supõe desenganado engana-se a si mesmo e a mais ninguém.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A língua deve dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade

– É... Eu não consegui achar. Ela escondeu.
– Não, amor. Ela arrumou, você que sempre deixa tudo bagunçado.
– Se eu conseguia achar e agora não consigo, "amor", é porque ela escondeu.

Fragmento sobre pintura impressionista

A imagem pode conter: planta, atividades ao ar livre e água

Há algo na pintura impressionista que deve ser retomado. Ela não foi clamada pelos modernistas como sua, mas como passado com o qual pretendiam romper. Sabemos, contudo, que ela não era parte do passado, como nos atesta o famoso Salon d'Automne com seus Renoir, Cézanne, Matisse, Gauguin e Derain (para não falar, mais adiante, de Metzinger, Gleizes e Duchamp). Se assim é, trata-se de um tempo deslocado, de um tempo fora do tempo, tempo sem história, um passado que não é história (sabemos desde Warburg, ou Benjamin, ou Michelet, ou Braudel, que passado e história não se sobrepõem como iguais, senão são fortemente distintos). Mas o que é isso que faltou, que escapou à sensibilidade modernista? O impressionismo opera certa confusão da visão, certa im-posição (não-posição, mas também exigência, demanda) da visão. É o regime do evanescenteim-pressão: ausência de pressão, leveza, portanto falha, deslize, escorregão, quer dizer, erro, mas também errar, ou seja, vagar, é o olhar que passeia –, mas é também a imagem do tempo: entre kronos e aion, entre o já não mais e o ainda não, alvorada ou crepúsculo: sonambulismo do pensamento.