quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Is it a musing by now?

Thinking is nothing, in a strict sense, thinking doesn't exist. Now that doesn't mean thinking doesn't do anything. At the same time, thinking is not doing, so thinking doesn't really do anything in a strict sense. Thinking is determined, so thinking doesn't really determine anything, but thinking does, at its best, open for other determinations, not necessarily new ones, but at the very least other determinations. Now, being nothing, thinking is really any and every thing, even thinking about thinking, thinking thinking itself (thinking). So, yeah, thinking is something, which is nothing, which is something. These constant reversals into something other, something else that is not itself, are usual of thinking. Thinking, thus, is thinking otherwise than thinking, is thinking thinking as other (than) thinking. Gosh! This one was hard.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Hermetologia?

Conhecimento é sempre esclarecimento interpretativo (do mundo), jamais teoria pura desprovida de interesses. Os interesses podem ser conscientes ou inconscientes, pouco importa. Cientistas estão tão imersos historicamente e moldados culturalmente quanto quaisquer outras pessoas (por vezes até mais que essas outras pessoas, haja vista os mecanismos de coping de que se valem, suas posições político-econômicas, entre outros aspectos de suas miseráveis existências). A noção positivista da ciência (pouca atenção é dada à singularização do termo, mas sempre referem-se às ciências no singular – esse apagamento do outro é crucial para seu projeto de dominação e violência, em suma, de injustiça) como acúmulo de fatos objetivos é falsa. Mesmo a observação científica, no momento em que se faz, traz consigo uma concepção de mundo subjacente ao observar (e quiçá outra subjacente à comunidade científica etc.), ou seja, há sempre algo como uma teoria (de baixa intensidade) funcionando de pano de fundo, pressuposta (implícita ou explicitamente, consciente ou inconscientemente, pouco importa), mesmo se estiver apaziguada a ponto de se normalizá-la como correspondente a "realidade", nada disso a impede de estar funcionando lá como fundo do pensamento.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Responsa fragments to an ongoing discussion

Knowledge is not a gain, but a bargain, an exchange.

No, we may not add nor remove sounds at will, not even for convenience's sake. They make a difference. Language is a pure mean, it has only form, no content.  Any and every difference make a difference.

If we hear the sounds, but not the words, we’ll not understand each other because understanding, first, is not an intentional action, a will, a volition. On the contrary, understanding happens to us, against our very will. We understand language because our existence is linguistic, not because we chose to do so: it is the other way around: language chose us.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Hermetologia?

Nós não nos relacionamos com a linguagem, é a linguagem que nos relaciona. Assim como palavras unem-se, afastam-se, aproximam-se, separam-se, assim também é conosco. As inexplicáveis combinações acertadas ou desagradáveis, possíveis ou impossíveis, tudo isso é modelado à maneira da linguagem. Talvez seja este o ponto: tudo é modelado na linguagem e/ou pela linguagem. Sempre resta esse vínculo de fundo. Isso é, de alguma maneira, a medida da existência linguística.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Menina-estrelas

Menina-estrelas
, constelação encarnada
, deixa beijar-te a boca
fazendo estalo que ressoa
pelo universo do teu quarto
, apertando teus quadris
.

Sorris
: desejo
, é fato
.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

eu ser só

eu
tanto
quanto
ser
longamente
dever

eu
nunca
eu

mar
de ilusão
calor
?

alguém
apenas
?

tanto que só
eu

quem
?

plenamente
apenas

eu
.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Hermetologia?

Premissas: a crítica não é uma função do gosto; a obra fornece as condições de sua crítica; a língua é o parâmetro.

Comecemos pela última premissa: a língua é sempre parâmetro, pois se trata da mediação universal, primordial. Não haveria mídia sem língua. Língua é mediação. Assim, a crítica constitui uma parte essencial da teoria do conhecimento (seja gnosiologia ou epistemologia), por isso a teoria do conhecimento é apenas uma forma muito específica da teoria de mídia. Os estudos de linguagem não devem constituir, portanto, o privilégio desta ou daquela mídia, senão a teoria da mediação, os dois modelos, precisamente, são a crítica literária e a tradução.

Essa premissa também implica que o parâmetro não é a crítica de artes plásticas, como se vem consolidando há muito, mas a crítica de poesia, a crítica às artes literárias. A seu turno, isso implica que o parâmetro mesmo não é nenhum exemplo de artes plásticas, seja pintura, desenho, escultura, etc., mas o poema e, mais modernamente, o romance (e o conto).

Isso ainda acrescenta uma volta ao parafuso, tendo em vista que a crítica e a obra habitam o mesmo meio, a mesma mídia, e se valem das mesmas ferramentas, ou seja, tudo está feito em linguagem, são textos de um lado e textos de outro. Percebe-se o acréscimo de complexidade ao se reintroduzir o conhecimento, o qual se torna, agora, meio, mediação.

A primeira premissa nos diz que o gosto tem sua função na crítica, visto que orienta o crítico a esta ou àquela obra, mas não se pode estender além desses limites estreitos das afinidades, porque reduziria a crítica à empatia fácil.

A crítica, ao contrário, constitui-se na capacidade de manter distâncias ao desenvolver familiaridade com a obra. Trata-se, portanto, de uma ambivalência, um jogo dúplice. Se exige, por um lado, o comentário, portanto a análise da obra, sua dissecação em elementos constituintes (e a frieza requisitada para essa tarefa), por outro, demanda a reintegração dessas partes, não numa totalidade fetichizada, reificada, senão na singularidade da obra enquanto unidade unitária (e a paixão requisitada para essa tarefa). A obra, como a ideia, é um todo não total, experiência integral sem integridade, impassível à integração.

A premissa medial afirma que a obra traz todo o material necessário para sua crítica. Isso se deve à obra ser como a ideia, totalidade não totalizável. As contrapartes da obra são a vida, a coisa e o mundo. Gostaria de deixar esta parte aberta à interpretação, mas anotarei minimamente alguma orientação de leitura.

Mundo é o chão a partir do qual pode brotar e haver obra (e vida e coisa). Vida é a contraparte do crítico à obra. Coisa é a contraparte da matéria à obra.

Assim, a obra se coloca como uma vida, outra vida que não do crítico (nem do autor), vida outra, mas também outro da vida, outra coisa que não vida. Coloca-se como a única coisa que não é uma coisa propriamente, mas que se faz feita de coisas, faz uso das coisas, a fim de não ser em si uma coisa, não se reduzindo a uma coisa em si. Coloca-se como outro mundo que abre tanto o mundo como outro, quanto o outro do mundo.