sexta-feira, 30 de junho de 2017

Pequenas notas sobre tradução

SOBRE TRADUÇÃO

LO → LA [da língua-origem para a língua-alvo]

Equivalência dinâmica:

expressão da ideia geral
expressão do macroconteúdo
reordenação sintática para maior fluência na LA
substituição de categorias [gramaticais e lexicais]
ideia por ideia
uso de paráfrase
foco: leitura facilitada na LA

Equivalência formal:
expressão da minúcia nuançada
expressão do microconteúdo
preservação da sintaxe original
equivalência de categorias [gramaticais e lexicais]
palavra por palavra
uso de literalidade
foco: preservação dos aspectos da LO

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Diário - 2017/06/07

132. Glosar + gozar = glozar.

133. Por que diabos um lixo de homem como Jorge Amado é praticamente louvado por esses idiotas minoritários? Três esposas, das quais uma foi caso extraconjugal, um algoz anti-artístico com sua arte pobre e vazia, tanto quanto sua vida estulta. É pura estupidez para todo lado. A mulher jogada de um lado pro outro como um saco de carne, seja na história, seja nos romances. É um descaso com a língua, com a história, com a própria humanidade.

134. A transcriação é melhor que a recriação em todas as possibilidades e aspectos. Todo gesto repetido é novo, sempre e tanto. Ninguém é capaz de repetir o gesto de um autor em outra língua. Até porque todo gesto é individual, por coletivo que seja.

135. Eu gosto do i minúsculo, o maiúsculo é muito tosco.

136. ▲▼

Diário - 2017/06/06

130. É preciso reativar a antiga, clássica, muito sábia ligação entre Moral e Espiritual (preservando aqui as terminações para evidenciar ainda mais sua íntima relação).

131. Como podem reclamar de "segundas intenções"?! Elas mesmas se valem da própria beleza – já falei muito sobre como este é o mal do mundo, é termos vista e nunca visão, é termos olhos e nunca mãos – para conseguir diversas coisas, desde uma entrada em balada ou festa, até elogios e aprovação virtuais?! A hipocrisia só pode ser uma doença da beleza, jamais da feiura, na verdade é uma das consequências da beleza, porque a beleza é desonesta. Pensemos um pouco: hipo-crise, crise fraca, sem potência, quer dizer, se a crise é o veredito, o julgamento, a decisão, então é um momento de decisões fracas, de julgamentos sem valor(es, não é exatamente sintomático que vivam bradando aos quatro ventos – coitados dos ventos, têm de escutar essa bobagem toda – que não devemos julgar?). Neste momento a beleza, ou seja, as pessoas bonitas, ou seja, o que elas fazem com/por causa de sua beleza, é o suprassumo da destruição da humanidade e da(s) coisa(s). Só o ódio e a feiura podem salvar qualquer projeto de futuro.

Diário - 2017/06/05

126. Quando comecei a escrever não tinha pretensões, com o tempo surgiram e agigantaram. Desejei, talvez ainda deseje, escrever e inscrever uma mitologia tão forte, tão marcante, tão intensa, potente, soberana como a narrativa crística. A infindável soberania do texto neotestamentário, eu a quero para mim. Há momentos ali que sempre me põem lágrimas nos olhos. Como compreender isso? Parece que não consigo ser cristão, é como se entre meus olhos e o texto se interpusesse uma distância infinita.

127. Talvez minhas posições sejam elaboradas demais para serem compreendidas pela mente vulgar e simplório das maiorias. Sempre sair polêmico, apontado pelos dedos, poderia ser sinal ruim se eu fosse um idiota qualquer, não sendo o caso, é bom presságio, evidência da potência do que digo, da verdade, pelo incômodo sentido.

128. Eu odeio designers. É óbvio que um pouco do desprezo vem da minha péssima experiência com o pessoal do curso, mas não só. Eles desrespeitam a arte e mesmo o objeto, são lixo orgânico. Óbvio que a ética do estudante médio de design é horrível, mas também o absoluto desrespeito pela coisa, pelo objeto.

129. Quando vi o vídeo de um youtuber pedindo sua garota em namoro e percebi que havia ali um cameraman, eu me dei conta da grotesca aberração diante de meus olhos e ouvidos. Não vou entrar no mérito dos youtubers serem uns riquinhos de merda, foquemos na questão central. Um sujeito calado, pago, para ser o olho do mundo acompanhando uma situação tão peculiar, tão íntima... O que aconteceu com o amigo? Um bom amigo ajudaria no processo, presenciaria, então passaria a palavra adiante, relatando a experiência – essas coisas eram transmitidas quase como os mistérios eleusinos. Agora isso!

Diário - 2017/06/04

119. Pensamento "consciente e objetivo" é a forma mais fraca de conhecimento.

120. Eu só existe na língua. No máximo, sujeito (gramatical).

121. Retomando meu trabalho com o Feio e a Feiura, muito do nosso mundo é ruim porque os objetivos, os alvos, foram escolhidos por sua beleza, não por sua verdade.

122. O mero fato de haver interpretação já demonstra como não há comunicação, não há mensagem, menos ainda meio para a mensagem. Se há mesmo meio, então tudo o é e as pedras são o pó contando histórias em seu estado de mestre.

123. "Hoje querem julgar sem olhar a quem."—Confuso, grande filósofo chinês do século ?? a.C.

124. A linguagem faz todos os sonhos ou delírios da humanidade sempre, mas os insatisfeitos permanecem negando o que lhes cobre o rosto, talvez porque está perto demais já não identificam o que é. Uma máquina do tempo? Língua: capaz de dobrar o tempo e desnudar os muitos vetores desse campo de forças.

125. Enquanto refletia sobre um vídeo de pedido de namoro feito por um youtuber, tive a visão de algum deles, dessa terrível raça populando os audiovisuais, chamando-me máquina de guerra, em tom de ofensa ou acusação. Mal sabem quão exultante me deixariam! Configura-se laudatório discurso num tal predicativo. A guerra, por devolver ao mundo o senso de realidade, expulsa e destrói tudo que é supérfluo e inútil, quer dizer, diriam que eu os anulo e coloco o que é verdadeiramente essencial em questão.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Diário - 2017/06/01

116. Eu quis assistir a aula, minha bexiga não. Você entende uma frase dessa?

117. Essa conversa toda da inutilidade da arte é diletantismo, lixo de ignorância social. Não queremos inutilidade, isso já temos, o que é a rede social senão isso? Queremos o básico: pão. Poema não enche barriga e, ultimamente, com esses poetas aí, nem serve para encher a cabeça – muito menos esvaziar.

118. Ø

Diário - 2017/05/31

111. O mundo clássico possuía parâmetros. Essa a parte importante de retomar.

112. "Você não pode falar a partir das suas experiências, pô!", clamam os idiotas. Posso, sim, porque não é vivência, mas experiência. A distinção é crucial, mas esses idiotas não a executam.

113. Há pessoas, elas só existem enquanto penso nelas. Você sabe de quem estou falando.

114. Meu "problema", segundo os idiotas, é que sempre presto mais atenção nos ruídos ambientes que na fala das pessoas. É óbvio: evolução. Se as pessoas se tornaram pura superfície, esvaziadas e sem vida interior, então o som das coisas é muito mais honesto e sincero. Não me tomem por futurista italiano, um carro ou uma impressora quatro cores não (con)têm "mais verdade" que qualquer outra coisa, talvez até menos, porque são muito comuns a essas pessoas. Mas com certeza a chuva, a música instrumental mesoriental, escadas de ferro antigas e estátuas africanas. Há algo de profundamente interessante no silêncio de um livro e desinteressante no ruído das vozes mais melodiosas da rádio; não qualquer livro, é claro. Mas não é uma questão de (con)ter "mais verdade", não mesmo.

115. Ø

Diário - 2017/05/30

108. Há nas ficções algo que me fascina: seja um conceito teórico ou um personagem inominado, quero levá-los comigo e aplicá-los, transpor seu mundo sobre o mundo real e produzir toda sorte de efeito mágico. É como se me enfeitiçasse por essa força que irrompe da textura dos pensadores, dos narradores, das vozes, dos lugares, dos sons, das cores, em suma, das coisas. Há mesmo qualquer sorte de ligação subterrânea aos nossos sentidos entre linguagem e feitiço, qualquer espécie de laço imperceptível unindo ambas as instâncias como duas partes duma mesma entidade multifacetada, pluridimensional, ininterpretável.

109. Todo tempo histórico é singular, suas demandas são singulares. Mas isso não torna nosso tempo menos putrefato e destruído. Fala-se muito em liberdade e em direitos, mas pouco ou nada se pensa do que deverá sustentar tudo isso. É claro, no império do efêmero, da curtida, da pura superfície lisa e higienizada, recheado de discursos de liberdade de compra, de empreendedorismo, é óbvio que se cairia nisso.

110. Quando estou prestes a dizer "queres falar do que te houve?" o corretor do smartphone me sugere "falsear" em vez do verbo esperado. Uma surpresa, sim, mas das boas! Se tomarmos falsear como vontade fabulante, como ficcionalizar, então é um ótimo substituto, se é assim, falar é sempre falsear.