terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Animais domésticos; mundos crepusculares

Dois crepúsculos.

Animais domésticos vivem num mundo crepuscular: nem selvagens, tampouco humanos (nem mesmo nós, homo sapiens, somos), eles coabitam (conosco) uma existência turva, um espaço interessante→inter-esse(re): entre ser(es), interstício, entrestações→statio, posto, parada, stare, estar, ficar, manter-se, stand(still)still life: a vida para(lisa)da, a vida não-viva, a vida que se recusa a viver (segund'os ordenamentos do imperador). Essa vida imperiosa é anômica: rege-se a si mesma e nada mais nem mais ninguém. É exatamente por isso que pode se enredar a e com outras vidas. Se pensarmos bem, o animal doméstico, habitante do'mos, enclausurado, é o homo sapiens, pois só ele faz questão da casa e passa muito mal sem ela. Ele passa muito mal sem ela. Como não? Ela é onde ele quer estar. Acho isso mesmo. Comvicção. Nu e cru ele passa mal. Ela lhe é essencial. Ele, sem ela, não sabe pensar, não sabe viver, não sabe ser. Ele pode e até vive, porém muito mal. Muito mal é interessante. É possível viver muito e viver mal simultaneamente? É bom ver como simultâneo tem dentro de si uma simulação→ação simulada, dizem que simul é latim para "ao mesmo tempo", que vem de similis, "parecido, similar"→similar. Parecença, lar e tempo se confundem, coexistem e não podemos fazer muito mais que suportá-los assim, juntinhos. Contudo, parece-me isso fundamental, um dicionário etimológico espanhol me diz simultas ser também originário e significar: "'rivalidad', 'competición', y también 'odio', enemistad'." ora se não é interessantíssimo! A misologia vive! Mais, ela habita! Ela tem lar e ele é a simultaneidade! O concomitante é o odioso por excelência! Que lógos fantástico se esconde atrás disso? Ou à frente, vai saber... Quero crer que seja a incapacidade semantocerebral, ou semântico-cerebral para os que gostam do bem escrever (escrever bem não é escrever ficção←Arturo Carrero), de tomar dois sentidos juntos duma tacada só. Essa limitação psicometafisi(c)ológica é, mesmo se apenas parcialmente, superada ou transcendida como gostam os "filósofos", pela transcendência. Ou pela Ideia (forma?), como queria Platão (e como quer Badiou, tanto faz). Ou pela subjetividade como gostam os psicologizantes. Ou pelo Ser, para os heideggerianos afoitos. Os kantianos já têm a resposta na ponta da língua. Importante aqui é lidar com esse resultado conhecidos dos estudos em semântico cognitiv(ist)a (neuropsicossemântica?)→por que temos essa limitação cérebropessoal? Como lidamos com ela aqui e como lidaremos com ela a partir desse saber (até porque "a partir de agora" não quer dizer nada sobre o saber em questão)? Tentaremos superar? Se for possível superar, teremos como saber? E se não for, também teremos como saber que não é (o que é um não-saber)? Seja como for acompanhado→apanhado com, junto tudo muda de figura.  E temos duas figuras, portanto. E dois figurões! Veja como eles encaram a coisa (toda)! O doméstico, a casa, o lar, o habitáculo, a residência, a morada, o teto, o ambiente, o espaço, o lugar. Agora penso mesmo: é preciso pensar!

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