quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Dica de escrita

Há quatro tipos textuais. É necessário conhecê-los e distingui-los a fim de escrevermos precisamente o que queremos. Mas só quatro? Sim, só quatro. Não nos referimos aqui a gêneros textuais, esses são infinitos, conforme a demanda prática.
  • Narração
  • Tempo-modo verbal predominante: pretérito perfeito (e mais-que-perfeito) do indicativo.
Trata-se do texto em que se narra algum ocorrido, tornando-o conhecido e presente ao ato de leitura. Dá-se a conhecer um fato narrativo, situado, quer dizer, com data e local, além de personagens envolvidos na ocorrência. A narração trama e enlaça, envolvendo o antes e o depois numa sucessão de acontecimentos. Como se trata do encadeamento e fluência entre sucessivos fatos narrativos, conjunções e locuções conjuntivas (conectores) são fundamentais, bem como anáforas (retomadas) e advérbios e locuções adverbiais (principalmente temporais). Afirmações abundam. Divide-se em dois registros ou duas camadas: narração e narratário. Narração é o ato propriamente; narratário é aquilo que se dá a conhecer através da narração. Assim, há sempre um narrador, mesmo que despersonalizado e neutralizado. É, fundamentalmente, o texto (da percepção) do tempo (da vida).
  • Descrição
  • Tempo-modo verbal predominante: presente e pretérito imperfeito do indicativo.
Trata-se do texto em que se descreve algo estático ou dinâmico, ou seja, um objeto, um local, predominando verbos de estado (ser, estar, parecer etc.), ou um processo, predominando verbos de movimento (aproximar, afastar, reduzir, ampliar etc.). Costuma-se dividir em objetiva e subjetiva, mas nós sabemos que não existe essa pretensa objetividade isenta de escolhas e influências, portanto toda descrição marca seu autor, em graus diversos de explicitação, mas sempre resta algo da preferência do descritor. Figuram muitas orações predicativas (predicado do sujeito e do objeto), também chamadas orações atributivas, bem como sintagmas nominais, adjetivos, apostos, complementos e adjuntos circunstanciais (lugar, tempo, modo), enumerações, comparações e símiles. É, fundamentalmente, o texto (da percepção) do espaço (da vida).
  • Dissertação (exposição + argumentação)
  • Exposição
  • Tempo-modo verbal predominante: infinitivo e tempo-modos intemporais, ocasionalmente pretérito imperfeito do indicativo (quando descrevendo processos).
Trata-se do texto em que se informa quem lê. Encontram-se aqui apresentações, exposições e divulgações. Prevalece, nesses textos, a claridade, a objetividade, a precisão (léxica e sintática), conectores, definições, classificações, comparações (e demais figuras de inteligibilidade), enumerações e exemplos. É, fundamentalmente, o texto (da percepção) do mundo (inanimado).
  • Argumentação
  • Tempo-modo verbal predominante: presente do indicativo.
Trata-se do texto em que se convence quem lê. Manifestos, cartas abertas, chamadas (à ação) compõem a paisagem. Argumentos abundam, conectados logicamente, usualmente em cadeias de causa e consequência, também se mobilizam cenários hipotéticos, experimentos de pensamento e exemplos a fim de arguir sobre um tema. Citações e referências ocorrem frequentemente, além de toda sorte de apelos. É, fundamentalmente, o texto (da percepção) do mundo (animado).
  • Injunção
  • Tempo-modo verbal predominante: imperativos (afirmativo e negativo), ocasionalmente infinitivo e futuro do presente do indicativo.
Trata-se do texto em que se instrui e orienta (as ações de) quem lê. Listas, comandos e ordens constituem a maioria dos textos. Vocabulário e sintaxe simples e diretas, detalhamento de preparações e procedimentos, por vezes imagens ilustrativas. É, fundamentalmente, o texto (da percepção) da ação (dos outros).

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